Trabalho para todos
A Intenção Universal deste mês chama a nossa atenção para um problema de grande e, infelizmente, cada vez maior actualidade: o de milhões de desempregados em todo o mundo. É este um verdadeiro drama nos nossos tempos, que não se confina aos países do terceiro mundo ou em vias de desenvolvimento, mas se estende a todos os continentes e nações, ainda que não com a mesma gravidade em toda a parte. A desocupação constitui, por isso, uma autêntica calamidade social universal, sobretudo no que respeita às camadas mais jovens.
O Compêndio da Doutrina Social da Igreja afirma, muito claramente (nn. 287-291), que o trabalho é um direito fundamental do homem, é um bem útil, apto para exprimir e fazer crescer a dignidade humana. Por isso, esta dignidade é gravemente afectada quando a pessoa não tem trabalho. Por esta razão, o Papa emérito afirma na Carta Encíclica Caritas in veritate que estar sem trabalho durante muito tempo ou depender da assistência pública ou privada corrói a liberdade e a criatividade da pessoa e as suas relações familiares e sociais e produz graves consequências psicológicas e espirituais, arrastando, assim, a uma existência carente da devida dignidade.
O trabalho é necessário para que a pessoa possa desenvolver os seus dons e faculdades, e não se sentir um parasita na sociedade. É também necessário para formar e manter uma família, para exercer o direito à propriedade e, de um modo global, para contribuir para o bem comum da humanidade.
Compete aos governantes promover políticas que activem o emprego, que favoreçam a criação e as oportunidades de trabalho. Compete igualmente aos governantes secundar a actividade das empresas, criando condições que favoreçam a criação de postos de trabalho, estimulando essa actividade onde ela seja insuficiente e apoiando-a em momentos de crise. Mas todos podemos e devemos ajudar a resolver esta calamidade constituída pelo desemprego, das maneiras que cada um descubra, o que acontecerá se houver boa vontade e uma consciencialização da gravidade deste problema.
António Coelho, s.j